Translate

quarta-feira, 25 de junho de 2025

10 anos 2024

 



Faca Comemorativa – 10 anos de cutelaria (2014–2024)
Recebi recentemente essa imagem da faca comemorativa aos meus 10 anos como cuteleiro profissional. A peça foi concluída em 2024, mas só agora tive o prazer de vê-la fotografada e finalizada nesse nível.

Apesar de produzir minhas próprias facas há mais de uma década, minha história com a cutelaria começou muito antes. Desde criança, eu já afiava, customizava e reparava facas e ferramentas — primeiro para meu uso, depois para amigos próximos.

Como relato no livro Legacy of Steel, aprendi com meu pai a afiar facas, facões e ferramentas do campo usando pedras de rebolo do meu falecido nonô. Desde então, a paixão pela cutelaria só aumentava, até o dia em que comecei a produzir minhas próprias facas. E lá se vai mais de uma década desde as duas primeiras facas que iniciei juntas e finalizei juntas — isso mesmo, não fiz uma primeira faca, mas sim duas primeiras facas. Mas em breve conto melhor essa história...

A peça se trata de uma faca gaúcha língua de chimango, parte de um conjunto que acompanha uma verilheira (ainda não finalizada na imagem). O colarinho é todo esculpido manualmente, com um vasto nível de detalhes em formato oitavado. A empunhadura segue as linhas do colarinho e, em seguida, o pomo acompanha esse mesmo oitavado. Como geralmente executo nas minhas peças, os detalhes do esculpido do colarinho seguem também na empunhadura e no pomo, trazendo harmonia ao conjunto.

A faca foi forjada em aço carbono 52100. A lâmina possui um longo contra-fio e leva minha assinatura em ouro, acompanhada da marca dos 10 anos também em ouro. A empunhadura é feita em chifre de búfalo.

📸 Foto: André Maino
🧷 Colecionador: Leonardo Freitas
🔪 Cuteleiro: Giovane Westerlon



Commemorative Knife – 10 Years of Bladesmithing (2014–2024)

I recently received this image of the commemorative knife celebrating my 10 years as a professional bladesmith. The piece was completed in 2024, but it's only now that I had the pleasure of seeing it photographed and finished at this level.

Although I’ve been making my own knives for over a decade, my history with bladesmithing began much earlier. Since I was a child, I’ve been sharpening, customizing, and repairing knives and tools — first for my own use, then for close friends.

As I shared in the book Legacy of Steel, I learned to sharpen knives, machetes, and farm tools with my father, using sharpening stones that belonged to my late grandfather. From then on, my passion for blades only grew — until the day I started crafting my own knives. And it’s been over ten years now since I began my first two knives — yes, not just one, but two first knives, which I started and finished together. I’ll share that story in more detail soon…

This piece is a Faca Gaúcha in the língua de chimango style, and it’s part of a set that includes a verilheira (not yet pictured). The collar is entirely hand-carved, featuring a high level of detail with an octagonal shape. The handle follows the lines of the collar, and the pommel continues the same octagonal design. As I usually do in my pieces, the carving details from the collar are echoed in the handle and pommel, bringing harmony to the entire set.

The knife was forged in 52100 carbon steel. The blade features a long clipped spine and carries my signature in gold, along with the 10-year commemorative mark, also in gold. The handle is made of buffalo horn.

sexta-feira, 6 de junho de 2025

Gaucha em roxinho set de 2024

 Trago uma peça especial para vocês: uma faca com cabo em roxinho (Purpleheart), trabalhada para destacar as características únicas da madeira, com um tom vibrante e marcante. A empunhadura segue o estilo coffin, inspirado na primeira Bowie, trazendo um toque clássico e ao mesmo tempo robusto.

O colarinho foi inspirado no estilo clássico das facas Scholberg, mas com um toque meu, que dá personalidade e identidade à peça. É uma lâmina pensada para quem valoriza tanto a funcionalidade quanto o design e a tradição.

Medidas:

Comprimento total: 350 mm

Comprimento da lâmina: 225 mm

Largura: 34 mm

Espessura: 3,5 mm


Essa é uma peça que une beleza, tradição e funcionalidade, feita para durar e impressionar.


🇺🇲

I present a special piece for you: a knife with a handle made of Purpleheart, crafted to highlight the unique characteristics of this wood, giving it a vibrant and striking appearance. The handle follows the coffin style, inspired by the first Bowie knives, blending classic elegance with a robust design.


The collar takes inspiration from the classic Scholberg knives, but I added my personal touch, bringing uniqueness and personality to the piece. This blade is designed for those who value both functionality and the blend of tradition with refined aesthetics.


Measurements:

Total length: 350 mm 

Blade length: 225 mm

 Width: 34 mm

 Thickness: 3.5 mm 

This is a creation that combines beauty, tradition, and functionality, made to last and captivate.








Wakizashi 2025

 Recentemente recebi a imagem final de uma peça muito especial: a minha primeira espada — uma Wakizashi — que foi eleita Melhor Espada da Feliz Knife Show 2025. Começar nessa nova categoria com um prêmio tão expressivo é, para mim, motivo de honra e profunda gratidão.

Mais do que um reconhecimento técnico, esse prêmio representa um marco na minha trajetória, que venho construindo há mais de uma década na cutelaria artesanal.

Esse projeto, como tantos outros que executo, nasce da intenção de equilibrar tradição e inovação — respeitando a estética e os fundamentos clássicos enquanto trago minha própria leitura, usando técnicas manuais, escolhas materiais e processos contemporâneos que expressam minha identidade como cuteleiro.

A lâmina foi forjada em aço damasco, utilizando padrões modernos ocidentais — que me permitem controlar com precisão as camadas, o contraste e a resistência —, mas com formato e proporções inspirados na tradição japonesa do Wakizashi. Essa escolha reflete minha busca em preservar a essência histórica mesmo usando ferramentas e tecnologias atuais.

As marcas do forjador (a minha) e do colecionador foram aplicadas em ouro, reforçando a exclusividade e o valor simbólico da peça. O padrão do damasco e a têmpera foram pensados para oferecer resistência, fluidez nas linhas e sofisticação estética.

A empunhadura (Tsuka) segue o estilo tradicional, com revestimento em couro de arraia (Same) e trançado (Ito) em algodão. O pino (Mekugi) foi feito em bambu, como nas espadas originais, garantindo fixação eficiente e respeito à montagem tradicional.

Os encaixes incluem Habaki, Fuchi e Kashira em cobre, combinados com Seppa em latão. A Tsuba, feita em aço carbono, foi texturizada manualmente e passou por um tratamento térmico que alterou sua coloração de forma natural, sem tintas ou pinturas artificiais — um detalhe que fala sobre o controle do fogo e o tempo no processo artesanal.

A bainha (Saya) foi feita em madeira laqueada, com acabamento pensado para dialogar com a sobriedade da Tsuka e complementar o conjunto de forma elegante.

Essa primeira espada carrega em si o simbolismo do início de um novo capítulo no meu trabalho. Mais do que um objeto, ela é um exercício de respeito, paciência e aprofundamento — algo que busco em cada peça que produzo.

Agradeço ao júri técnico da Feliz Knife Show pelo reconhecimento e a todos que acompanham minha caminhada. Que venham as próximas lâminas, sempre com alma.


I recently received the final image of a very special piece: my first sword — a Wakizashi — which was awarded Best Sword at the 2025 Feliz Knife Show. Starting this new chapter with such a significant recognition is an honor I deeply cherish.

More than a technical award, this piece marks a milestone in my journey as a bladesmith, which I've been building for over a decade through dedication to the craft.

Like many of the works I create, this project was driven by the desire to blend tradition and innovation — respecting classical aesthetics and principles while expressing my own interpretation through manual techniques, material choices, and modern processes.

The blade was forged from Damascus steel using modern Western forging standards, allowing precise control of layering, contrast, and performance. Yet, the shape and proportions were inspired by traditional Japanese Wakizashi design, reflecting my effort to remain faithful to classical forms even while using contemporary tools and methods.

Both my maker’s mark and the collector’s were inlaid in gold, enhancing the uniqueness and symbolic value of the piece. The damascus pattern and heat treatment were designed not only for durability, but also to bring aesthetic fluidity and visual impact.

The handle (Tsuka) follows the traditional Japanese style, with stingray skin (Same) beneath a cotton Ito wrap. The Mekugi (peg) was crafted from bamboo, in keeping with historical construction and ensuring secure, authentic assembly.

The fittings include Habaki, Fuchi, and Kashira in copper, alongside brass Seppa. The Tsuba, made of carbon steel, was manually textured and underwent a heat treatment that naturally altered its color, without any artificial paints — a subtle detail that speaks to the relationship between heat, time, and craftsmanship.

The Saya (scabbard) was made of lacquered wood, finished to harmonize with the handle’s tone and complete the sword with understated elegance.

This first sword represents more than the sum of its materials — it marks the beginning of a new chapter in my craft. It's a project built with patience, precision, and deep respect for tradition — values I strive to carry into every blade I make.

I’m sincerely grateful to the technical jury of the Feliz Knife Show for this recognition, and to all who continue to support my journey. May this be the first of many swords — always forged with soul.